terça-feira, 10 de junho de 2014

O país do futebol



‘’Tadinho desse menino!’’ é a exclamação que a maioria das pessoas fazem ao ver a foto de meninos e meninas com seus 12,13,14,15 anos, quando estampadas nos jornais e noticiários no meio das mais perplexas barbáries. Roubo, esfaqueamento, morte.. pra quem? Afinal, suas fichas continuarão limpas, sem indício de crime algum, até porque não houve crime, foi apenas uma conduta infracional de um rapaz ou moça imaturos o bastante pra não saberem o que estavam fazendo quando o fizeram sem pestanejar. E também não haverá sinal de punição em casa, pois ai de quem encostar um dedo nele, né? Este pobre coitado teve uma vida difícil, sem esperanças e sem sinal de sucesso em seu caminho, por esse motivo tudo que ele mais precisa são de palavras que o confortem e que devam ser ditas com muita cautela, a propósito, pois ninguém pode-lhes causar tamanho constrangimento!
E depois de tanto sofrer e penar esta pessoa será direcionada a uma escola pública, onde o ensino é de qualidade , supõe-se, para enfim ensinar-lhes algo de útil que pelo amor de Deus a faça refletir e pagar pelo que fez. Mas, como aqui é o Brasil, os professores são mal pagos, a educação não é valorizada e a inocência, por fim, acabou.
E as crianças? Não existem mais e tampouco existirão porque um país que não as pune também não ensina.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Gentileza gera gentileza?



 Pelas redes sociais estou acompanhando o andamento da mais recente causa pelas quais estão ‘’ lutando’’. #somostodosmacacos. Criada por uma agência ou não de publicidade o fato é que uma campanha como esta (se é que se pode chamar de campanha) não ameniza os longos anos em que os negros foram colocados em segundo plano pela sociedade.  Aos meus olhos, ouso até a dizer que esta campanha enfatiza de maneira preconceituosa ao concordar então que o negro realmente assemelha-se ao macaco pela sua pele negra embora todos que estão nessa luta ‘’aparentemente’’ se sintam iguais a ele.
O preconceito é uma sequela de anos a mercê da ignorância. Vivemos em uma sociedade assombrada pelo racismo a anos e que por ter sido dessa maneira, até hoje  se faz presente no dia-a-dia de cada um, a ponto de parecer normal:
A cota pra negros é uma chacota.
No meio artístico o negro é figurante.
Protagonista só em situações onde são afetados violentamente ou quando são contrários a lei.
É fácil apoiar o negro pelas redes sociais, via fotos e campanhas publicitárias. Difícil enfrentar a verdadeira realidade de um negro que mora em periferia .  Fácil apoiar e se revoltar com um ator como Vinícius Romão que chegou a ser preso confundido com um assaltante (afinal ele é ator , ora!). Quantos Vinícius já não foram tomados de suas famílias e que infelizmente não puderam ter sua voz ouvida?  Da vista privilegiada de Barcelona da casa do Neymar, ou do carro luxuoso por onde passa Daniel Alves certamente não se pode ver o preconceito da mesma maneira que um negro anônimo. Ai do negro que também é pobre no Brasil. O preconceito aqui mais do que em qualquer lugar do mundo é camuflado dependendo da  condição econômica.
Oportunidade e/ou oportunismo pela parte de alguns, infelizmente ainda temos que ser gratos a 5 minutos como esse que uma vez ou outra possibilitam alguma reação enérgica, de fato.
O fato da campanha ter sido criada por uma agência pouco importa, o que me repele nessa história toda é aproveitarem-se de uma atitude repulsiva como o racismo contraposta de uma maneira cínica de boa vontade. Segundo palavras do próprio jogador Daniel Alves quando questionado sobre comer a banana arremessada no campo, ele preferiu rir da situação:‘’ Temos que rir desses retardados.” 
Pois bem. Sinto como se tivessem rindo de todos os negros que lutam diariamente e que não ganham nada por isso. Enquanto milhares colhem os frutos de uma jogada ensaiadíssima de marketing.
Não somos todos iguais! Somos diferentes.  Bastaria que isso ficasse claro e acima de tudo fosse respeitado. Cada um com sua individualidade e diferença.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Utopia

De um modo geral, eu resmungo no final do dia (ou no meio dele) de como meu trabalho é estressante. Esperando o metrô, fico parada com minha cara de acabada e volta e meia dou aquele ''sorriso'' sem graça. Ele me olha, e entre um “aham" e " uhum", ri de mim tentando me fazer rir também.
Se ele percebe que '' a coisa ta feia'' ele me oferece massagens pra quando chegarmos em casa. O que normalmente é ao contrário, já que ele faz cara de cachorro sem dono e eu assim aceito em cumprir a missão me sentindo heroína. Ele estuda, trabalha, cria, inova, malha (ou tenta), prepara sempre uma comida gostosa com cara de comida de mãe e ainda encontra tempo para me amar ou implicar. 
Quando nos conhecemos, eu passei o caminho todo até encontrá-lo imaginando o que aconteceria pelo resto da noite e onde eu estava com a cabeça por estar tão eufórica. Mesmo ansiosa, me arrumei tão básica.. parecia uma prévia do que estava por vir: algo tão simples e consistente. Hoje, ele me acha linda de cabelo molhado,  suada andando na rua no calor do Rio de Janeiro ou só de camisola. Mesmo assim, ele espera eu escolher entre 2169464 vestidos. Aí ele diz que eu estou linda ou me chama de gostosa. Ele diz que me ama e que tesão em  mim não falta. E se a gente fala de  ciúmes ele diz que tem medo de me perder.
Engraçado, como é louco o amor. Meu ego chega até gostar disso um bocado  porque no dia que ele se der conta que é infinitamente melhor do que qualquer homem nesse mundo, talvez procure uma mulher infinitamente melhor do que eu. E há dezenas de super mulheres.
Grande sorte a minha. Não sei como, ele gostou  dos meus comentários debochados, dos palavrões disparados e por meus olhos e suas bolsas d'água.
Ele é incrível e nem desconfia.  
Me pergunto até hoje o que fiz para ter chamado a atenção dele.
Você já parou para pensar o quanto é extraordinário ser o amor do seu amor?

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quanto cabe no pra sempre?

Psiu, não tenta entender meus silêncios repentinos
nos quais me afogo. Ou quando tagarelo sem dizer nada com nada.
Talvez você faça parte das minhas lutas mentais,
mas também é fato que você desarma boa parte delas.
Não sinto o tempo passar enquanto te vejo.
Me perco, ora me encontro,
nesse belo par de olhos castanhos doces ..
e viajo, mergulho, naufrágio.
Parada, sonhando acordada, o quanto demorei, mesmo sem ter perdido muito tempo,
para encontrar alguém como você.
Como posso enxergar tanto paradoxo nos teus olhos?
E como poderei ficar sem vê-los um dia?
Um absurdo esse apego em pouco tempo.
Tempo? Tempo. Não gosto e não sei lidar com.
Quanto tempo cabe no pra sempre?
Falta muito pra te ter muito ainda?
ora ora..
Se perguntarem se o amor enfraquece com o tempo;
diga-lhes que o tempo não existe.